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quinta-feira, 14 de março de 2013

Entrevista ao Colectivo Ultras 95

Estão de regresso as entrevistas ao blogue... depois dos South Side Boys, Alma Salgueirista, Mancha Negra, Força Avense e Rapazes da Superior agora foi a vez de contactar o Colectivo. Aqui fica a entrevista a este grupo ultra de apoio ao Porto que recentemente renovou o seu síte na internet... Colectivo Ultras 95... um obrigado à direcção do grupo por ter aceitado responder a esta entrevista onde são abordados vários temas ligados ao Colectivo e também ao movimento ultra no geral...


- Em 1995 (nove anos após o início dos Super Dragões) fundaram o Colectivo. Naquele momento o que vos levou a formar um novo grupo de apoio ao Porto? 
C95: Os fundadores tomaram esta decisão devido a dificuldades de organização existentes na altura e pretendia-se incutir no Grupo, desde o início, uma nova mentalidade! Nasce, desta forma, o nome de "Colectivo", cujo funcionamento assenta no seu topónimo.

- Que características destacam no vosso grupo? Positivas e negativas.
C95: Positivas: União e organização. Negativas: O excesso de álcool que por vezes leva a não cumprir horários!



- Como descrevem o momento actual do Colectivo e do Porto? Como estão vocês organizados? Quantos membros têm aproximadamente? 
C95: Como Grupo estamos num bom momento, muito unidos e com forte mentalidade. Existe uma direcção e um grupo de gente muito válida sempre disponível para tudo e os núcleos, alguns mais activos do que outros. Este ano de 2012 terminámos com cerca de 800 inscritos. Estivemos em processo de renovação e tivemos mais de 80% de renovações. É algo que tem acontecido nos últimos anos, a malta manter-se. É bom sinal, desde que vá entrando pessoal jovem, senão começa a ser só velhos!

- Que recordações têm dos primeiros jogos na curva e dos anos 90? O que é que na vossa opinião mudou até aos dias de hoje? 
C95: Faltava tudo ou quase tudo, desde o pessoal ao aspecto financeiro para dar andamento aos projectos. Mas havia algo que ainda hoje faz a diferença dentro do grupo, criatividade. Com ela, fomos conseguindo progredir e hoje o grupo está na linha daquilo por que sempre lutámos. Diferenças? as normais.. mas não olhamos para trás como "antigamente é que era bom".. afinal de contas ainda só temos (quase) 18 anos.



- Um dos aspectos que distingue pela positiva o Colectivo de outros grupos nacionais são os tifos de boa qualidade. Que importância tem para vocês a realização de tifos num grupo ultra? Quais consideras ser os vossos melhores ao longo dos anos? 
C95: Para nós, uma coreografia tem uma importância enorme, além da visibilidade que dá, obriga a ter criatividade, espírito e organização para se fazer algo em condições. Senão mais vale estar quieto e não banalizar ideias pois uma vez feitas não se repetem. A coreografia com os Lampiões, onde fizemos uma cruz em que pela primeira vez na curva pusemos cartolinas individuais nas cadeiras, foi internamente o "motor de arranque". O tifo contra a Lázio foi em termos de visibilidade em Portugal, o ponto de viragem!

- Dêem-nos a vossa definição da palavra ultra e digam-nos o que consideram ser fundamental num grupo. 
C95: Ser ultra é levar algo ao mais extremo possível, neste caso o apoio ao seu Clube. Ser ultra é sê-lo na mente.



- Como idealizam a vossa curva perfeita a nível visual? 
C95: O nome do grupo está em primeiro lugar, por isso desde muito cedo abdicámos de outras faixas e o grupo faz-se representar apenas com o seu nome na frente. As bandeiras e estandartes dão o habitual colorido.

- Com o passar dos anos nota-se que em muitos grupos a velha guarda vai desaparecendo com mais facilidade. Quais as razões? O vosso grupo tem sido muito afectado por isso? Por outro lado sentem ter o futuro do grupo assegurado?
C95: Os verdadeiros ficam, quer sejam velhos ou novos. Orgulhamo-nos de ter muitos "velhos" na frente do grupo, entre eles fundadores e também vermos os novos a chegarem-se à frente! Por enquanto não é problema.



- Quais os momentos/jogos que destacam pela positiva e negativa ao longo dos anos enquanto membros do Colectivo? 
C95: Dos melhores momentos estão concerteza as finais das taças europeias e a intercontinental. Dos piores momentos, sermos expulsos do estádio por reclamar um sector para o Grupo na Superior Norte, algo que conseguímos pouco tempo depois.

- As amizades e rivalidades vão surgindo com o passar dos anos. Quais os grupos/clubes com os quais têm amizade ou rivalidade? Como surgiram essas “relações”? 
C95: Neste momento o Colectivo apenas tem amizade com o pessoal da Sampdoria, principalmente com o grupo Fieri Fossato. Esta relação começou no amigável Porto-Sampdoria em que tivemos hipotese de confraternizar com alguns doriani que vieram de carro de Genova até ao Porto!



- Como caracterizam a vossa relação com a direcção do clube e com os restantes adeptos do Porto que não estão ligados ao movimento ultra? 
C95: A nossa relação com a direcção do Clube é boa e construtiva aliás, o segredo do clube está na união das suas gentes e nós somos parte disso. Com os restantes sócios e adeptos também não temos qualquer problema, inclusivé temos grande participação sempre que decidimos elaborar uma coreografia na norte.

- Que opinião têm sobre os Super Dragões? Como é a vossa relação actual com eles? 
C95: A nossa relação é boa e sempre que necessário e principalmente nos jogos fora existe colaboração, colocando o apoio ao FCPorto acima de tudo.



- Na vossa opinião quais as razões para existir uma diferença tão grande de elementos entre Colectivo e Super Dragões? Isso é algo que vos preocupa ou pelo contrário? Como é a “política” do vosso grupo relativamente à entrada de novos membros? 
C95: A razão é simples, eles são o grupo mais antigo e conhecido pelo que é natural terem muito mais elementos. Isso não nos preocupa minimamente porque o objectivo não é competirmos com eles. Procuramos pessoas que se enquadrem na nossa mentalidade e valores, não rejeitamos ninguém pelo que todos são bem-vindos desde que saibam estar dentro do Grupo.

- Qual é vossa postura relativamente à legalização das claques? 
C95: Sempre fomos contra certos pontos da lei. Não temos problema nenhum em dizer que estamos legalizados no sentido de termos constituído uma associação. A lei tem aspectos negativos e que devem ser combatidos e acreditamos que para isso é preciso que os grupos tenham voz e sejam ouvidos. Isso só pode acontecer quando existirem associações para os representar.



- A pirotecnia é sem dúvida algo que dá grande brilho a qualquer curva. O que acham que pode ser mudado relativamente à sua legalidade? 
C95: Tochas e fumos claramente devem poder ser utilizados, tanto que a lei prevê isso mesmo no que toca aos fumos.

- Actualmente quais consideram serem os grupos com mais valor em Portugal? 
C95: Neste momento achamos que nenhum grupo se destaca como antigamente. O movimento está estagnado e a maioria dos grupos não procuram fazer coisas novas, outros evoluiram no "atraso"!



- Que opinião têm sobre o actual estado do movimento português? Acreditam por exemplo ser possível uma manifestação em conjunto? O vosso grupo estaria disponível? 
C95: O movimento está estagnado devido à repressão, bilhetes caros, horários péssimos etc. Sempre estivemos presentes em reuniões com outros grupos em busca de algo melhor para todos, contudo cada um preocupa-se demais consigo próprio e em criticar o outro. Mas, continuamos disponíveis

- Para vocês quais são os grandes males que prejudicam o futebol e as claques? Na vossa opinião qual será a melhor forma de os combater?
C95: Como já dissemos, estes aspectos devem ser combatidos. Para isso é preciso assumir-se a luta e dar a cara. Ninguém consegue algo sem o fazer. A nível do nosso clube sempre tivemos abertura para o fazer e a prova é de que praticamos dos mais baixos preços nacionais e mesmo internacionais. A Sporttv é um cancro instalado e que dá preferência ao futebol internacional em relação ao nacional. Como queremos que a nossa liga cresça se a transmitimos a horas de jantar e a horas quase de ir dormir? A liga inglesa joga-se às 15 e às 16 quer haja televisão ou não. Como queremos exportar o nosso futebol se não o conseguimos mostrar em horários atractivos para outros países? Como queremos que o nosso futebol se internacionalize se não sabemos com antecedência o dia e hora certos do jogo? Isto é algo impensável em qualquer liga europeia.



- Antigamente era habitual termos um grupo estrangeiro como modelo, andávamos com o cachecol desse grupo etc… ao início qual/quais admiravam? E agora quais consideram serem os melhores a nível europeu? 
C95: No nosso grupo sempre olhamos para Italia como modelo a seguir. Atalanta, Verona, Sampdoria, Genova e Fiorentina foram e ainda são exemplos para nós. Actualmente os grupos alemães estão a crescer bastante quer em apoio quer em tifos.

- O que pensam do movimento casual? 
C95: Em Portugal não tem muita expressão e passa sobretudo por pessoal ligado aos grupos ultra. Contudo, não deixamos de respeitar quem escolhe essa via e há alguns pontos que cruzam os dois movimentos.



- Na vossa opinião existe uma ligação entre os problemas do nosso país e os aspectos negativos que se vêm nas claques nacionais? 
C95: Os grupos são apenas um reflexo da sociedade. Em todos os pontos da sociedade se passam coisas desprestigiantes para o país, mas a tendência sempre foi criticar o mais fácil e as claques de futebol, por alguma culpa própria, sempre o foram. É fácil criticar um confronto num Guimarães-Porto, mas essa mesma pessoa que critica se calhar já bateu num professor do filho. O que é mais preocupante e censurável? Enquanto a justiça for mais rápida para banir um adepto do futebol do que um pedófilo da nossa sociedade, está tudo dito.

- O que pensam dos jovens de hoje em dia? Que diferenças encontram entre a vossa juventude e a actual? Acham que esta geração mais jovem vai conseguir segurar o movimento ultra em Portugal? 
C95: Esta geração e a anterior sempre tiveram outros interesses que a nossa não teve. Sair à noite e o acesso a uma imensidão de produtos de consumo. Antigamente o futebol era o pouco que se tinha para se sair de casa ao fim de semana. Hoje em dia não é assim e a maioria da juventude prefere sair e beber uns copos do que "gastar" dinheiro num jogo de futebol normalmente ao domingo à noite.



- Qual a vossa opinião sobre o movimento em Guimarães? 
C95: Achamos que já foram melhores e mais compactos. Embora se notem novos grupos a aparecer, a força já não é a mesma. Esperamos sinceramente que melhorem pois são uma das grandes massas adeptas do futebol português.

- O que pensam destes espaços na internet? Blogues, fóruns… São necessários? 
C95: São sempre necessários. Na net sempre há mais espaço para anónimos e isso sim não ajuda o movimento e o trabalho de quem se esforça por divulgá-lo. Nós próprios lançámos no início do mês passado o nosso novo site, mais virado para a partilha de conteúdos, algo que era difícil na anterior versão. É cada vez mais importante a rapidez de divulgação de conteúdo, seja o aviso para um jogo, ou fotos e videos do jogo anterior.