Antes de escrever este post pensei seriamente a se o devia fazer, tudo porque o que aconteceu ontem em Génova pouco esteve relacionado com o movimento ultra. Estive a informar-me e os incidentes causados pelo sérvios surgiram por razões políticas.
Durante o jogo, os sérvios foram mostrando bandeiras do Kosovo. O Kosovo é um território que foi disputado entre vários países. A partir do século XX passou para as mãos da Sérvia, Jugoslávia e... Itália. Só que depois de falhas em negociações internacionais o governo provisório do Kosovo em 2008 tornou aquele território independente. No entanto os sérvios continuam a reinvindicar o Kosovo, dizem que esse território é seu, daí bem a frase "Kosovo é Sérvia" que por vezes se vê vários locais.
O que se pode concluir é que o grupo de sérvios que se deslocou a Génova o fez com objecticos políticos. Aproveitaram o facto de o jogo ser contra a Itália, país que já teve nas suas mãos o Kosovo, para reinvindicarem mais uma vez o Kosovo.
Pelos vídeos pode-se também perceber a passividade da polícia comparando com outras situações, tiveram receio e preferiram não entrar pela bancada dentro enquanto os sérvos iam destruindo a rede e lançando tochas para o relvado e adeptos italianos.
Sempre comandados por Ivan Bogdanov que foi detido quando os sérvios se preparavam para regressar ao seu país, este grupo de nacionalistas que segundo consta na sua maioria está ligado à claque Delije do Estrela Vermelha impediu que o jogo se realizasse. Aos 6 minutos o árbitro da partida achou que não havia segurança para continuar o jogo. Má decisão. Só fez com que o grupo nacionalista visitante sentisse que o seu objectivo foi cumprido. No final da noite, tal como já disse atrás o homem que comandava o grupo sérvio e que se pode ver em destaque no sector visitante foi detido, mas isso não o deixou preocupado. Veja este vídeo. Bogdanov é também um dos líderes dos Delije e a polícia conseguiu identifica-lo mesmo ele estando com uma máscara no estádio, devido ás suas tatuagens no braço que ele deixou à vista.
Quando chegaram aos autocarros os sérvios foram todos revistados, a polícia estave a ver os braços...
Na minha opinião um estádio de futebol não é o local mais apropriado para este tipo de manifestações. Não estou com isto a criticar a forma de pensar em termos políticos dos sérvios. O passado deles segundo reza a história foi de imenso sofrimento. Para eles a política está metida em tudo. Muitos elementos das claques sérvias, principalmente da Delije há cerca de 15 anos lutaram pela Sérvia na guerra civil que dissolveu a Jugoslávia. Faziam parte do exército que conseguiu a independência da Sérvia. Por exemplo um ultra nacionalista sérvio criou com a ajuda do governo um grupo chamado Tigres de Arkan, os elementos desse grupo foram "recrutados" aos Delije. Muitos morreram pelo seu país. Mais, a guerra começou num jogo de futebol. Por isso se pode perceber que a política estará eternamente ligada a tudo na Sérvia e o futebol não escapa.
Eu não me identifico com esta forma de estar, acho que se deve dividir as coisas, futebol não é política. Mas na Sérvia os ultras envolveram-se demasiado nos guerra do seu país e isso ficará para sempre. São todos nacionalistas. Cada país tem a sua história.
Diga-se também que os adeptos sérvios agrediram o guarda-redes Stojkovic, o que leva ainda mais a pensar que os adeptos na sua maioria seria do Estrela Vermelha, visto que este guarda-redes foi formado nesse clube e agora por empréstimo do Sporting está no rival Partizan! Os sérvios não aceitam isso! E além das questões políticas aproveitaram o jogo para isto, neste caso os do Estrela Vermelha.
Como disse atrás são realidades diferentes. Mas existiam outros sítios para fazerem manifestações políticas.
Pergunto por exemplo se num estádio de futebol faz sentido entoar cânticos racistas. Olhem o caso da Juventus, quando insultaram durante vários minutos o Ballotelli do Inter. Como se sentirá um jogador negro da Juventus? Ouvir os seus adeptos a insultarem um jogador da sua raça deve ser também mau. Mas e se ele marca um golo, será que já festejam? Por isto e muito mais a política tem de ficar fora do estádio.
